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Atlas de Anatomia Veterinária

Músculos do membro torácico

Músculos do cíngulo do membro torácico

Índice de imagens

    Nos cães, semelhante ao resto dos mamíferos domésticos, os músculos do cíngulo torácico constituem um meio de ligação entre a extremidade e o tronco. Esse tipo de união muscular entre o membro e o tronco, chamada sinsarcose, constitui uma solução para a ausência de uma verdadeira articulação entre os ossos do membro torácico e do tronco, por isso, os músculos do grupo são numerosos e, geralmente, bem desenvolvidos. Desde suas origens relativamente afastadas na cabeça (crânio), pescoço (vértebras cervicais), dorso (vértebras torácicas e lombares) e paredes do tórax (costelas e esterno), os músculos do grupo estão dispostos radialmente convergindo nas porções proximais da extremidade (escápula e úmero), onde se inserem (Figura 3.1). 
    Os músculos do cíngulo torácico cumprem duas funções notáveis. Em primeiro lugar participam na locomoção, pois contribuem nos movimentos do membro: adianta a extremidade (músculos braquiocefálico, trapézio, omotransverso, serrátil ventral torácico), a retrai (grande dorsal, romboides, peitoral profundo, serrátil ventral cervical), realizam a abdução (trapézio) ou adução (peitorais). Além disso, quando o membro está fixo, firmemente apoiado sobre o solo, os músculos extrínsecos tracionam o tronco para frente (músculo peitoral profundo, serrátil ventral torácico, grande dorsal), o lateraliza (peitorais), contribuem na inspiração (serrátil ventral torácico), levantam ou lateralizam a cabeça e o pescoço (trapézio, romboides, serrátil ventral cervical) ou abaixam a cabeça e o pescoço (braquiocefálico).
    Em segundo lugar, e esta é provavelmente sua principal função, os músculos mais potentes do grupo (peitoral profundo, serrátil ventral) proporcionam o aparelho sinsarcótico de suspensão que une o tronco aos membros, de forma que o tronco fique suspendido de forma elástica e flexível, tanto em estação quanto em movimento, por ampla faixa muscular entre as extremidades torácicas esquerda e direita.
    Os músculos extrínsecos contribuem, também, na conformação do pescoço e da parede torácica, o que pode, às vezes, identificar os contornos dos músculos mais superficiais. Com a finalidade de facilitar sua descrição, pode-se considerar que os músculos do cíngulo se distribuem em duas camadas, uma superficial, e outra profunda; os músculos da camada profunda, que são os que formam o aparelho de suspensão do tronco, são geralmente mais desenvolvidos que os superficiais.

Camada superficial

M. trapézio (Figura 3.1)
    É um músculo plano e triangular, dividido em duas porções (cervical e torácica) por aponeurose intermediária. Sua ampla origem na rafe fibrosa dorsal média do pescoço (em comum ao músculo contralateral) e no ligamento supraespinhal abrange desde a 3ª vértebra cervical até a 9ª vértebra torácica. Insere-se na espinha da escápula.
    Função: É elevador e fixador da escápula, além de contribuir no deslocamento cranial da extremidade.
    Inervação: Nervo acessório.

M. braquiocefálico (Figuras 3.1, 3.2)
    É um músculo potente e alongado que une a cabeça e também o pescoço com o braço. Está dividido em duas partes pela interseção clavicular (resto vestigial da clavícula). A parte mais caudal é o m. cleidobraquial, que está disposto entre a interseção clavicular e a crista do úmero (Figura 
3.26). A parte mais cranial o m. cleidocefálico, une a interseção clavicular com a cabeça e o pescoço. Por sua vez, o m. cleidocefálico apresenta duas porções bem diferenciadas: a parte cervical, que é superficial, se dispõe entre a interseção clavicular e a metade cranial da rafe fibrosa dorsal média do pescoço onde se insere juntamente com o músculo contralateral; a parte mastoidea, mais profunda, se localiza entre a interseção clavicular e o processo mastoide do osso temporal.
   Função: Quando a cabeça e o pescoço estão fixos, o músculo é um potente extensor da articulação do ombro e flexor do membro torácico. Quando o membro está fixamente apoiado no solo, movimenta a cabeça e o pescoço lateral e ventralmente. 
   Inervação: O músculo cleidocefálico é inervado pelo nervo acessório e por ramos ventrais dos nervos cervicais. O músculo cleidobraquial está inervado pelo nervo braquiocefálico (é um dos nervos do plexo braquial, que procede do 6º nervo cervical).

M. omotransverso (Figuras 3.1, 3.2, 3.5)
    Desde sua origem na asa do atlas se direciona caudalmente até sua inserção no acrômio da escápula e na fáscia do braço. Encontra-se revestido, exceto em sua parte mais caudal, pelo músculo braquiocefálico.
    Função: Adianta o membro.
    Inervação: Nervo acessório.

M. grande dorsal (Figuras 3.1, 3.2, 3.12)
    É um grande músculo e de superfície triangular, entre os maiores e mais potentes do animal. Contribui por moldar a parede torácica, a qual cobre laterodorsalmente. Origina-se amplamente na fáscia toracolombar e, por meio desta, nos processos espinhosos lombares e nos últimos processos espinhosos torácicos. Desde sua ampla origem, as fibras vão se direcionando até inserirem na tuberosidade do redondo maior do úmero (a inserção é comum com o músculo redondo maior).
    Função: Movimenta o membro caudalmente e flexiona o ombro (é antagonista do músculo braquiocefálico). Se o membro está fixo, traciona o tronco para frente.
    Inervação: Nervo toracodorsal.

Mm. peitorais superficiais (Figuras 3.3, 3.6)
    Os músculos peitorais superficiais (M. peitoral descendente e m. peitoral transverso) se encontram parcialmente fusionados no cão. O músculo peitoral descendente se origina no manúbrio do esterno, enquanto o músculo peitoral transverso se origina mais caudalmente, na face lateral do esterno, entre a primeira e a terceira cartilagem costal. Ambos os músculos se inserem na crista do úmero.
    Função: Contribui na formação do aparelho suspensor do tronco entre as extremidades anteriores. São adutores do membro.
    Inervação: Nervos peitorais craniais.


Camada profunda

M. peitoral profundo (Figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.6)
    Encontra-se revestido parcialmente pelos músculos peitorais superficiais. Origina-se ao longo do esterno e das cartilagens costais e se insere nos tubérculos maior e menor do úmero.
    Função: Tem importante participação na formação do aparelho suspensor do tronco. Retrai o membro e, com este fixo, propulsiona o tronco.
    Inervação: Nervos peitorais caudais.


M. romboide (Figuras 3.2, 3.5)
    O músculo romboide, que está completamente coberto pelo m. trapézio, apresenta duas porções bem diferenciadas: m. romboide cervical e m. romboide torácico. Uma terceira parte, o m. romboide da cabeça, é bem menos desenvolvido. A origem do músculo, que é bem ampla, ocorre na rafe fibrosa dorsal do pescoço (M. romboide cervical) e nos processos espinhosos torácicos (M. romboide torácico), abrangendo aproximadamente desde a 2ª vértebra cervical até a 3ª vértebra torácica. A inserção ocorre na borda dorsal da escápula na face medial da cartilagem da escápula.
    Função: Levanta e retrai o membro torácico. Com o membro fixo, levanta o pescoço.
    Inervação: Ramos ventrais dos nervos cervicais e torácicos.

M. serrátil ventral (Figuras 3.3, 3.4, 3.6)
    O mais potente dos músculos extrínsecos do membro. É dividido em duas porções: o m. serrátil ventral cervical, que se origina nos processos transversos das vértebras cervicais (entre 3ª e 7ª vértebras cervicais), e o m. serrátil ventral torácico, que se origina na face lateral das 7 ou 8 primeiras costelas. A inserção de ambas as porções ocorre na face serrátil da escápula.
    Função: É o mais importante componente do aparelho suspensor do tronco. Além disso, com o membro fixo, a parte cervical levanta e lateraliza o pescoço; a parte torácica propulsiona o tronco e participa nos movimentos inspiratórios da parede torácica.
    Inervação: Ramos ventrais dos nervos cervicais (M. serrátil ventral cervical) e nervo torácico longo (M. serrátil ventral torácico).

Músculos do cíngulo do membro torácico

Camada superficial

M. trapézio (Fig. 3.1)

M. braquiocefálico (Fig. 3.1, 3.2 e 3.26)

M. omotransverso (Fig. 3.1, 3.2, 3.5)

M. grande dorsal (Fig. 3.1, 3.2, 3.12).

Mm. peitorais superficiais (Fig. 3.3, 3.6)

Camada profunda

M. peitoral profundo (Fig. 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.6)

M. romboide (Fig. 3.2, 3.5)

M. serrátil ventral (Fig. 3.3, 3.4, 3.6)

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