Atlas de Anatomia Veterinária
Músculos do membro pélvico
Músculos intrínsecos do membro pélvico
Índice de imagens
Os músculos intrínsecos do membro estão dispostos unindo os diferentes segmentos do esqueleto do membro. Sua principal função é ativar as articulações individuais ou grupos articulares para proporcionar a força motriz para a locomoção. Por este motivo os músculos intrínsecos do membro pélvico são, geralmente, mais potentes e estão dispostos de maneira mais complexa que os dos membros torácicos. A maior massa muscular pertence aos grupos extensores das diferentes articulações, pois quando o membro se apoia firmemente contra o solo e as articulações se estendem, o tronco é propulsado para frente. Neste sentido, observa-se que existe grande desenvolvimento alcançado pelos músculos glúteos (extensores do quadril), quadríceps femoral (extensor do joelho) ou o gastrocnêmio (extensor do tarso). Os músculos flexores, ao contrário, são menos volumosos; sua contração encurta o membro, o que acontece, por exemplo, quando o animal levanta o membro do solo durante algumas fases da locomoção.
Em segundo lugar, a atuação de alguns músculos intrínsecos (quadríceps femoral, gastrocnêmio, flexores digitais, interósseos) fixam e mantém os ângulos articulares quando o animal se encontra em estação, com os membros apoiados no solo. Desta forma, os músculos contribuem no suporte e amortecimento do peso do corpo, embora esta função seja secundária se comparar os membros pélvicos aos torácicos.
Por último, alguns dos músculos intrínsecos do membro pélvico participam em atividades mais específicas (arranhar, escalar, cavar, afastar insetos etc.), embora, devido o menor desenvolvimento dos músculos do pé, a opção de movimentos é mais limitada que no membro torácico.
Os músculos intrínsecos podem ser classificados, de acordo com sua posição e sua função, em quatro grandes grupos: músculos da articulação do quadril, músculos da articulação do joelho, músculos que atuam sobre o tarso e os dedos e músculos do pé.
Músculos da articulação do quadril
São numerosos e, geralmente, potentes. Organizam-se em quatro grupos bem diferenciados: Músculos externos do quadril, músculos caudais da coxa, músculos mediais da coxa e músculos profundos do quadril.
Grupo de músculos externos do quadril
O grupo inclui os potentes músculos extensores da articulação (músculos glúteos e piriforme) que ocupam a região glútea. Localizam-se sobre o ílio, onde se originam, embora alguns também se originam no sacro e primeira vértebra caudal e no ligamento sacrotuberal, e se inserem na parte proximal do fêmur. O músculo tensor da fáscia lata, que é bem mais superficial e está relacionado topograficamente aos glúteos, é flexor do quadril e também considerado parte do grupo (Figuras 4.4).
M. glúteo superficial (Figuras 4.4, 4.5, 4.6, 4.8)
Origina-se na fáscia glútea, crista sacral lateral e processo transverso da primeira vértebra caudal, além da metade proximal do ligamento sacrotuberal. A inserção ocorre na tuberosidade glútea do fêmur, distalmente ao trocanter maior.
Função: Estende o quadril.
Inervação: Nervo glúteo caudal.
M. glúteo médio (Figuras 4.4, 4.5, 4.6, 4.8, 4.28)
É o mais potente do grupo; está revestido pela fáscia glútea e, parcialmente, pelo músculo glúteo superficial. Origina-se na face glútea da asa do ílio e se insere no trocanter maior do fêmur.
Função: Estende o quadril, movendo o membro pélvico para trás e para fora. Contribui grandemente na propulsão do tronco.
Inervação: Nervo glúteo cranial.
M. piriforme (Figuras 4.7, 4.12)
Encontra-se revestido pelos músculos glúteos superficial e médio. Origina-se na crista sacral lateral e no ligamento sacrotuberal e se insere no troncanter maior do fêmur.
Função: Estende o quadril e abduz o membro.
Inervação: Nervo glúteo caudal.
M. glúteo profundo (Figuras 4.7, 4.12)
É revestido pelo músculo glúteo médio. Origina-se na face lateral do corpo do ílio e na espinha isquiática e se insere no trocanter maior do fêmur.
Função: Estende o quadril e abduz o membro.
Inervação: Nervo glúteo cranial.
M. tensor da fáscia lata (Figuras 4.4, 4.8, 4.9, 4.11)
De formato triangular, situa-se superficialmente preenchendo a cavidade existente entre a tuberosidade do coxal e joelho. Origina-se na tuberosidade do coxal e região adjacente e finaliza utilizando a fáscia lata como aponeurose de inserção, na região do joelho e na fáscia da perna.
Função: Flexiona o quadril, tensiona a fáscia lata e contribui na extensão do joelho.
Inervação: Nervo glúteo cranial.
Grupo de músculos caudais da coxa
Embora considerados pertencentes ao grupo dos músculos do quadril, os músculos caudais da coxa possuem longos ventres que formam o aspecto caudal da coxa e se inserem bem distalmente. Isso permite a ação simultânea tanto sobre o quadril como o joelho incluindo o tarso. Esses músculos contribuem, portanto, de forma importante na propulsão do tronco, que é o resultado da extensão do conjunto de articulação do membro pélvico.
M. bíceps femoral (Figuras 4.5, 4.8, 4.10)
Esse músculo, um dos mais potentes e volumosos do organismo, está disposto superficialmente na região caudolateral da coxa. É formado por duas porções separadas incompletamente. A parte cranial, maior, se origina na parte distal do ligamento sacrotuberal. A parte caudal, menor e profunda, se origina na parte ventrolateral da tuberosidade isquiática. O ventre se amplia distalmente de forma que a inserção, que se origina em forma de aponeurose aproveitando a fáscia lata e na fáscia da perna, é bem ampla (Figura 4.10) e inclui a patela, o ligamento patelar e a tuberosidade tibial (parte cranial do músculo) e a borda cranial da tíbia (parte caudal do músculo). Um tendão se dirige até a tuberosidade do calcâneo e contribui, portanto, na formação do tendão calcâneo comum.
Função: É extensor de todo o membro, pois estende o quadril, o joelho e o tarso, além de abduzir. A parte caudal do músculo atua, quando o membro não apóia o solo, como flexor do joelho.
Inervação: Nervos glúteo caudal e ciático.
M. abdutor caudal da perna (Figuras 4.7, 4.10, 4.11)
É uma estreita e longa banda muscular que é revestida, exceto distalmente, pelo músculo bíceps femoral. Origina-se na parte distal do ligamento sacrotuberal e se insere, por meio da fáscia da perna, na borda cranial da tíbia.
Função: Atua como abdutor, reforçando a ação do músculo bíceps femoral.
Inervação: Nervo ciático.
M. semitendinoso (Figuras 4.5, 4.8, 4.11, 4.12, 4.13, 4.15)
Situado entre os músculos bíceps femoral e semimembranoso, o músculo semitendinoso forma o contorno caudal da coxa. Origina-se na face ventral da tuberosidade isquiática e se insere na borda cranial e no terço proximal da face medial da tíbia. Um tendão se dirige até a tuberosidade do calcâneo e contribui, portanto, como o músculo bíceps femoral, na formação do tendão calcâneo comum.
Função: Estende o quadril, o joelho e o tarso, participando na propulsão do tronco. Se o membro não está apoiado no solo, atua como flexor do joelho.
Inervação: Nervo ciático.
M. semimembranoso (Figuras 4.5, 4.12, 4.13, 4.14, 4.15, 4.17)
É o mais medial do grupo de músculos caudais da coxa. Após se originar na superfície ventral da tuberosidade isquiática, divide-se em dois ventres que se inserem, respectivamente, ao côndilo medial do fêmur (ventre cranial) e abaixo do côndilo medial da tíbia (ventre caudal).
Função: Estende o quadril e o joelho, participando da propulsão do tronco. Atua como flexor do joelho e adutor do membro, caso o membro não esteja apoiado no solo.
Inervação: Nervo ciático.
Grupo de músculos mediais da coxa
Os músculos mediais da coxa constituem um potente grupo muscular, dispostos entre a superfície ventral da pélvis e a parte distal do fêmur. Atuam sobre a articulação do quadril provocando a adução, ou impedindo a abdução não desejada do membro. Além disso, alguns deles, ao se inserirem na fáscia da perna e na tíbia, atuam também sobre o joelho. Existem dois músculos superficiais (sartório e grácil) e dois profundos (pectíneo e adutor).
M. sartório (Figuras 4.16, 4.18, 4.19)
É um músculo longo e plano formado por duas partes (cranial e caudal) que se originam na região da tuberosidade coxal do ílio. A parte cranial, que forma o contorno cranial da coxa (Figuras 4.8, 4.11), insere-se na fáscia do joelho e na patela. A parte caudal se insere mais distalmente, na fáscia da perna e na borda cranial da tíbia.
Função: Flexiona o quadril e adianta e abduz o membro. Flexiona o joelho (com o membro levantado) ou o estende (com o membro apoiado).
Inervação: Nervo femoral e ramos musculares do nervo safeno.
M. grácil (Figuras 4.5, 4.17, 4.18, 4.19)
É um músculo extenso que está situado superficialmente ocupando grande parte da face medial da coxa. Origina-se por meio de aponeurose na face ventral da sínfise pélvica; deixa a aponeurose, chamada tendão sinfisário, se localiza na linha média e serve também de origem ao músculo contralateral e aos músculos adutores. A inserção ocorre também como aponeurose, na fáscia da perna e na borda cranial da tíbia; da borda caudal da aponeurose se desprende uma banda tendínea que contribui na formação do tendão calcâneo comum e termina na tuberosidade do calcâneo.
Função: Realiza a adução do membro e contribui na extensão do joelho.
Inervação: Nervo obturador.
M. pectíneo (Figuras 4.1, 4.9, 4.18, 4.19, 4.22)
É um músculo pequeno, embora potente e fusiforme. Origina-se na eminência iliopúbica e no tubérculo púbico. Seu longo tendão de inserção termina distalmente no lábio medial da linha áspera do fêmur.
Função: Realiza a adução da coxa.
Inervação: Nervo obturador.
Mm. adutores (Figuras 4.1, 4.9, 4.12, 4.18, 4.20, 4.21, 4.22, 4.23, 4.26)
O grupo dos músculos adutores possui dois componentes independentes. O músculo adutor longo (Figura 4.22), que é menor e se encontra revestido pelo outro componente. Origina-se na face ventral do ramo cranial do púbis e se insere próximo ao lábio lateral da face áspera do fêmur. O músculo adutor magno e curto (Figura 4.22) é revestido pelo grácil e bem mais volumoso que o músculo adutor longo. Origina-se no tendão sinfisário e na face ventral da sínfise pélvica. A inserção ocorre ao longo de todo o lábio lateral da face áspera do fêmur.
Função: Realiza a adução do membro e estende o quadril.
Inervação: Nervo obturador.
Grupo de músculos profundos do quadril
Agrupa os pequenos músculos situados profundamente e em estreita relação com a articulação coxofemoral. A maioria deles está disposta caudalmente a articulação e, devido seu pequeno volume, influenciam minimamente os movimentos do membro. Geralmente atuam provocando a rotação externa do fêmur.
M. obturador interno (Figuras 4.5, 4.24, 4.25, 4.26, 4.27, 4.32)
Origina-se na face pélvica do púbis e do ísquio, ao redor das bordas do forame obturado, de forma que o ventre muscular cobre dorsalmente o forame. Seu tendão de inserção deixa a pélvis, atravessando por meio da incisura isquiática menor, e termina na fossa trocantérica do fêmur.
Função: Rotaciona externamente o fêmur e estende o quadril.
Inervação: Nervo ciático.
Mm. gêmeos (Figuras 4.24, 4.26)
São dois pequenos músculos que, parcialmente fusionados, estão dispostos rodeando cranial e caudalmente ao tendão do músculo obturador interno. Originam-se na espinha isquiática e no corpo do ísquio e se inserem na fossa trocantérica do fêmur.
Função: Rotacionam externamente o fêmur e estendem o quadril.
Inervação: Nervo ciático.
M. obturador externo (Figuras 4.20, 4.24, 4.26, 4.27, 4.28)
Origina-se na face ventral do púbis e do ísquio, ao redor das bordas do forame obturado, de forma que o ventre muscular reveste ventralmente ao forame. A inserção ocorre na fossa trocantérica do fêmur.
Função: Rotaciona externamente o fêmur e realiza a adução do membro.
Inervação: Nervo obturador.
M. quadrado femoral (Figuras 4.12, 4.24, 4.29)
Origina-se na face ventral da tábua do ísquio e se insere na região distal até a fossa trocantérica do fêmur.
Função: Rotaciona externamente o fêmur e estende o quadril.
Inervação: Nervo ciático.
M. articular do quadril (Figuras 4.20, 4.22, 4.24, 4.27)
Diferente dos outros componentes do grupo, o músculo articular do quadril se dispõe crâniolateralmente a articulação, sendo revestido pelo músculo glúteo profundo. De pequeno tamanho, origina-se na face lateral do corpo do ílio e, após se relacionar estreitamente com a cápsula articular coxofemoral, se insere cranialmente na região do colo do fêmur.
Função: Tensiona a cápsula articular e flexiona a articulação do quadril.
Inervação: Nervo glúteo cranial.
Músculos da articulação do joelho
Conforme dito anteriormente, alguns dos elementos inclusos no grupo dos músculos do quadril também são capazes de movimentar, com frequência significativa, a articulação do joelho. Além deles, existem outros dois músculos que atuam específicamente sobre o joelho: o músculo quadríceps femoral, que é um potente extensor, e o m. poplíteo, de caráter flexor.
M. quadríceps femoral (Figuras 4.30, 4.32, 4.33, 4.55)
O músculo quadríceps femoral compõe um potente e volumoso grupo muscular cranialmente ao longo da coxa e estreitamente relacionado ao fêmur, o qual reveste lateral, cranial e medialmente. É revestido pelo músculo tensor da fáscia lata e a própria fáscia lata, lateralmente, e o músculo sartório, medialmente.
Suas quatro cabeças (músculos reto femoral, vasto lateral, vasto intermédio e vasto medial) convergem distalmente se inserindo sobre a patela, que atua como um osso sesamoide. A inserção final e unida das quatro cabeças ocorre por meio do ligamento patelar na tuberosidade da tíbia.
• M. reto femoral (Figuras 4.9, 4.13, 4.14, 4.16, 4.31). Origina-se no corpo do ílio, cranialmente ao acetábulo. É a única cabeça que se origina no coxal, e o mais cranial das quatro, onde permanece parcialmente inclusa entre os vastos lateral e medial.
• M. vasto lateral (Figuras 4.11, 4.12, 4.16). É o maior das quatro cabeças. Origina-se na parte proximal do corpo do fêmur, crâniolateralmente.
• M. vasto medial (Figuras 4.9, 4.13, 4.15, 4.31). Origina-se na parte proximal do corpo do fêmur, crâniomedialmente. Reveste a face medial do fêmur.
• M. vasto intermédio (Figura 4.14). Origina-se na parte proximal do corpo do fêmur, cranialmente. É a mais frágil das quatro cabeças e reveste cranialmente o fêmur, permanecendo envolvido pelas outras três cabeças.
Função: O m. quadríceps femoral é o mais potente extensor do joelho, participando significativamente na propulsão do tronco. Fixa o joelho quando o animal se encontra em estação, contribuindo, portanto, com o sustento do peso do tronco. Além disso, o m. reto femoral, devido sua origem no ílio, flexiona o quadril.
Inervação: Nervo femoral.
M. poplíteo (Figuras 4.32, 4.33, 4.47, 4.50)
Origina-se na fossa do músculo poplíteo, situada sobre o côndilo lateral do fêmur. Seu longo tendão de origem gera um ventre triangular que, revestido pelos músculos gastrocnêmio e flexor digital superficial, está disposto sobre o terço proximal da face caudal da tíbia. A inserção ocorre na borda medial da tíbia. O tendão de origem do músculo contém um osso sesamoide.
Função: Flexiona o joelho e rotaciona internamente a perna.
Inervação: Nervo tibial.
Músculos que atuam sobre o tarso e os dedos
Os componentes deste grupo muscular se originam, geralmente, na parte distal do fêmur ou na parte proximal da tíbia e da fíbula. Seus ventres, que são alongados e fusiformes, cobrem os ossos da perna cranial, lateral e caudalmente (a face medial da tíbia é subcutânea). Possuem longos tendões, alguns deles se encontram fixados por meio de retináculos ao longo das regiões distais da perna e társica, que se inserem nos ossos do tarso, nos metatarsos e nas falanges. Dividem-se, funcionalmente e topograficamente, em dois grupos: crâniolateral e caudal.
Grupo crâniolateral
Os músculos do grupo crâniolateral revestem as faces cranial e lateral da tíbia e a fíbula. Atuam flexionando o tarso (a face de flexão do tarso é a cranial, diferente do que ocorre na articulação do carpo, onde a face de flexão é caudal). Além disso, os músculos do grupo que se inserem nas falanges atuam também estendendo os dedos. Todos são inervados por ramos do nervo fibular.
M. tibial craneal (Figuras 4.34, 4.35, 4.36, 4.42, 4.44, 4.45)
É o músculo mais forte e também mais cranial do grupo. Disposto superficialmente tem sua origem na parte proximal da face lateral da tíbia, atrás da borda cranial e por baixo do côndilo lateral do osso. Seu tendão de inserção, após atravessar o retináculo extensor da perna, cruza a face cranial do tarso em direção medial para finalizar no osso társico I e na base do metatarso II.
Função: Flexiona o tarso e rotaciona externamente o pé.
Inervação: Nervo fibular profundo.
M. extensor digital longo (Figuras 4.33, 4.34, 4.35, 4.36, 4.37, 4.38, 4.41, 4.54, 4.58)
Possui sua origem na fossa extensora do fêmur. Seu ventre potente é revestido na região proximal da perna pelos músculos tibial cranial e fibular longo. Possui um longo tendão de inserção que, envolvido pelos retináculos extensores da perna e társico, atravessa a face dorsal do tarso e origina quatro tendões que terminam se inserindo na falange distal dos dedos II, III, IV e V (na parte dorsal da crista unguicular). Após atravessar a face dorsal da articulação metatarsofalangeana, cada um dos tendões se desliza sobre um osso sesamoide dorsal, semelhante ao músculo extensor digital comum do membro torácico.
Função: Flexiona o tarso e estende as articulações dos quatro dedos.
Inervação: Nervo fibular profundo.
M. fibular longo (Figuras 4.34, 4.36, 4.37, 4.41)
Origina-se na cabeça da fíbula, na face lateral da tíbia (na região imediatamente distal ao côndilo lateral) e no ligamento colateral lateral da articulação femorotibial. Seu ventre muscular, localizado ao longo da metade proximal da perna, origina um longo tendão que percorre o maléolo lateral e a face lateral do tarso e se dirige caudalmente para finalizar se inserindo plantarmente na base dos ossos metatársicos. Na zona maleolar, o tendão de inserção permanece fixado pelo retináculo dos músculos fibulares.
Função: Flexiona o tarso e rotaciona internamente o pé.
Inervação: Nervo fibular superficial.
M. extensor longo do dedo I (Figuras 4.35, 4.38, 4.39, 4.40)
É um músculo cujo ventre, extremamente delgado, está localizado profundamente revestido pelos ventres dos músculos extensor digital longo e fibular longo. Origina-se no terço médio da fíbula e na membrana interóssea da perna. Seu tendão, extremamente delgado, atravessa o retináculo extensor da perna e se insere na falange proximal do dedo II e, se está presente, no metartarso I.
Função: Flexiona o tarso e estende os dedos II e, caso esteja presente, o dedo I.
Inervação: Nervo fibular profundo.
M. extensor digital lateral (Figuras 4.39, 4.40, 4.41, 4.54)
Seu ventre muscular, de pouco volume e extensão, está localizado caudalmente ao músculo fibular longo e está oculto entre este e o músculo flexor digital lateral (pertencente ao grupo caudal dos músculos da perna). Origina-se no terço proximal da fíbula e termina se inserindo na falange proximal do dedo V e se une ao tendão que segue ao dedo V do músculo extensor digital longo. Após atravessar o maléolo lateral, o tendão de inserção, que percorre inserido no sulco tendinoso, é envolvido pelo retináculo dos músculos fibulares.
Função: Estende e separa o dedo V.
Inervação: Nervo fibular superficial.
M. fibular curto (Figuras 4.34, 4.36, 4.37, 4.41)
Seu ventre muscular, alongado e pouco volumoso, é revestido pelos tendões do músculo fibular longo e extensor digital lateral. Origina-se na metade distal da tíbia e fíbula e se insere na base do metacarpo V. Após atravessar sobre o maléolo lateral, o tendão de inserção, que percorre inserido no sulco tendinoso adjacente ao tendão do músculo extensor digital lateral, é envolto pelo retináculo dos músculos fibulares.
Função: Flexiona o tarso.
Inervação: Nervo fibular superficial.
Grupo caudal
Os ventres musculares do grupo caudal revestem a face caudal da tíbia e formam, portanto, os contornos caudais da perna. Agem estendendo o tarso (a face de extensão do tarso é a caudal, ao contrário do que ocorre na articulação do carpo, onde a face de extensão é cranial). Além disso, os músculos do grupo que se inserem nas falanges também atuam flexionando os dedos. Todos eles são inervados por ramos do nervo tibial.
M. gastrocnêmio (Figuras 4.10, 4.11, 4.34, 4.36, 4.42, 4.43, 4.56)
É um músculo potente, volumoso e fusiforme formado por duas cabeças. Ambas as cabeças, lateral e medial, se originam nas tuberosidades supracondilares lateral e medial do fêmur, respectivamente; cada um dos dois tendões de origem envolvem um osso sesamoide (Figuras 4.48, 4.50). Os ventres musculares se fusionam distalmente dando origem ao tendão que termina se inserindo na tuberosidade do calcâneo. O tendão de inserção do músculo gastrocnêmio é o principal componente do tendão calcâneo comum.
Função: Estende o tarso.
Inervação: Nervo tibial.
M. flexor digital superficial (Figuras 4.34, 4.36, 4.37, 4.44, 4.45, 4.46, 4.49, 4.57)
Origina-se adjacente a cabeça lateral do músculo gastrocnêmio, o qual está parcialmente fusionado, na tuberosidade supracondilar lateral do fêmur. Seu ventre muscular está envolvido pelas duas cabeças do gastrocnêmio e apenas sua parte distal é superficial. O tendão de inserção, depois de envolver medialmente o tendão do gastrocnêmio na metade distal da perna, se localiza caudalmente no tendão calcâneo comum e se insere na tuberosidade do calcâneo. Após se fixar no calcâneo, o tendão continua distalmente e se divide em quatro ramos tendinosos que terminam se inserindo na face plantar da falange média dos dedos II, III, IV e V. Na região da articulação metatarsofalangeana, e semelhante ao que ocorre no membro torácico (Figura 3.33), cada um dos quatro tendões forma um envoltório cilíndrico (manguito flexor) ao redor do tendão correspondente do músculo flexor digital profundo; após o manguito flexor, os tendões profundos atravessam ou penetram nos tendões superficiais e continuam até sua inserção na falange distal.
Função: Flexiona os dedos e estende o tarso. Devido a sua natureza tendinosa, fixa a articulação do tarso e as articulações metatarsofalangeanas, contribuindo, portanto, com o suporte do peso do animal.
Inervação: Nervo tibial.
Mm. flexores digitais profundos (Figuras 4.44, 4.47, 4.49, 4.51, 4.52)
Os músculos flexores digitais profundos (lateral e medial) se localizam revestindo grande parte da face caudal da tíbia e fíbula. O músculo flexor digital lateral (Figuras 4.34, 4.36, 4.41, 4.45, 4.47, 4.48), o maior dos dois, se origina na face caudal da fíbula, na região caudolateral da tíbia e na membrana interóssea da perna. Seu tendão de inserção percorre o sulco tendinoso situado na face plantar do calcâneo e continua distalmente, fundindo com o tendão do músculo flexor digital medial na face plantar do tarso. O músculo flexor digital medial (Figuras 4.45, 4.47, 4.48), bem menor que o lateral, se origina na cabeça da fíbula e na linha poplítea da face caudal da tíbia. Seu longo e delgado tendão passa sobre o maléolo medial da tíbia e se fusiona, na face plantar do tarso, com o tendão do músculo flexor digital lateral. O tendão comum resultante da união dos dois músculos origina, na face plantar do metatarso, quatro tendões que terminam se inserindo no tubérculo flexor da falange distal de cada um dos quatro dedos. Caso o dedo I esteja presente, o tendão comum se ramifica em cinco tendões.
Função: Flexiona os dedos e estende o tarso.
Inervação: Nervo tibial.
M. tibial caudal (Figuras 4.45, 4.50)
Seu ventre muscular, que é extremamente pequeno e se encontra revestido pelo músculo flexor digital profundo, se origina na cabeça da fíbula. No caso dos carnívoros, o tendão longo de inserção do músculo tibial caudal, que acompanha o tendão do músculo flexor digital medial, termina na face medial do tarso; assim, diferente de outros mamíferos domésticos, esse músculo não se une ao tendão comum dos músculos flexores digitais profundos.
Função: Estende fracamente o tarso.
Inervação: Nervo tibial.
Músculos do pé
O pé contém um grupo próprio de pequenos músculos cujos ventres se localizam nas faces dorsal e, sobretudo, plantar da região metatarsiana. Sua ação completa a dos músculos extensores e flexores dos dedos situados na região da perna, cujos tendões percorrem também as faces dorsal e plantar do pé. Os músculos do pé podem ser classificados em dois grupos: músculos comuns, que agem em todos os dedos, e músculos próprios, que exercem sua função em dedos individuais.
Músculos comuns
A maioria dos músculos do grupo (músculos interósseos, Figuras 4.51, 4.52, 4.53, músculos lumbricais, Figura 4.52, e músculos interflexores) é bem semelhante e possui função igual ao dos músculos de mesmo nome da mão. Alguns, no entanto, são específicos do pé (músculo extensor digital curto e músculo quadrado plantar) e são descritos a seguir.
M. extensor digital curto (Figuras 4.35, 4.39, 4.54)
Origina-se no calcâneo e no conjunto de ligamentos que revestem a face dorsal do tarso. É formado por três cabeças parcialmente fusionadas que são dispostas, cobertas pelos tendões do músculo extensor digital longo, sobre a face dorsal do metatarso. Os três tendões de inserção resultantes, um de cada cabeça, terminam se unindo aos tendões do músculo extensor digital longo na altura da falange proximal dos dedos II, III e IV.
Função: Estendem os dedos II, III e IV.
Inervação: Nervo fibular profundo.
M. quadrado plantar (Figura 4.51)
É um músculo extremamente rudimentar. Origina-se na face plantar do calcâneo e termina no tendão comum do músculo flexor digital profundo ou, no caso de existir, na falange distal do dedo I.
Inervação: Nervo tibial.
Músculos próprios dos dedos
São, geralmente, semelhantes aos músculos dos dedos do membro torácico, embora sejam menos desenvolvidos (Figura 4.53). O único a ser mencionado, por sua diferente disposição, é o músculo separador do dedo V.
M. separador do dedo V (Figura 4.41)
É um fino músculo, praticamente tendinoso, que se origina na tuberosidade do calcâneo e se insere na base do metacarpo V.
Inervação: Nervo tibial.
Músculos intrínsecos do membro pélvico
Músculos da articulação do quadril
Grupo de músculos externos do quadril
M. glúteo superficial (Fig. 4.4, 4.5, 4.6, 4.8)
M. glúteo médio (Fig. 4.4, 4.5, 4.6, 4.8, 4.28)
M. glúteo profundo (Fig. 4.7, 4.12)
M. tensor da fáscia lata (Fig. 4.4, 4.8, 4.9, 4.11)
Grupo de músculos caudais da coxa
M. bíceps femoral (Fig. 4.5, 4.8, 4.10)
M. abdutor caudal da perna (Fig. 4.7, 4.10, 4.11)
M. semitendinoso (Fig. 4.5, 4.8, 4.11, 4.12, 4.13, 4.15)
M. semimembranoso (Fig. 4.5, 4.12, 4.13, 4.14, 4.15, 4.17)
Grupo de músculos mediais da coxa
M. sartório (Fig. 4.16, 4.18, 4.19)
M. grácil (Fig. 4.5, 4.17, 4.18, 4.19)
M. pectíneo (Fig. 4.1, 4.9, 4.18, 4.19, 4.22)
Mm. adutores (Fig. 4.1, 4.9, 4.12, 4.18, 4.20, 4.21, 4.23, 4.26)
Grupo de músculos profundos do quadril
M. obturador interno (Fig. 4.5, 4.24, 4.25, 4.26, 4.27, 4.32)
M. obturador externo (Fig. 4.20, 4.24, 4.26, 4.27, 4.28)
M. quadrado femoral (Fig. 4.12, 4.24, 4.29).
M. articular do quadril (Fig. 4.20, 4.22, 4.24, 4.27)
Músculos da articulação do joelho
M. quadríceps femoral (Fig. 4.30, 4.32, 4.33, 4.55)
M. poplíteo (Fig. 4.32, 4.33, 4.47, 4.50)
Músculos que atuam sobre o tarso e os dedos
Grupo crâniolateral
M. tibial cranial (Fig. 4.34, 4.35, 4.36, 4.42, 4.44, 4.45)
M. extensor digital longo
(Fig. 4.33, 4.34, 4.35, 4.36, 4.37, 4.38, 4.41, 4.54, 4.58)
M. fibular longo (Fig. 4.34, 4.36, 4.37, 4.41)
M. extensor longo do dedo I (Fig. 4.35, 4.38, 4.39, 4.40)
M. extensor digital lateral (Fig. 4.39, 4.40, 4.41, 4.54)
M. fibular curto (Fig. 4.40, 4.41)
Grupo caudal
M. gastrocnêmio (Fig. 4.10, 4.11, 4.34, 4.36, 4.42, 4.43, 4.56)
M. flexor digital superficial
(Fig. 4.34, 4.36, 4.37, 4.44, 4.45, 4.46, 4.49, 4.57)
Mm. flexores digitais profundos (Fig. 4.44, 4.47, 4.49, 4.51, 4.52)
M. tibial caudal (Fig. 4.45, 4.50)
Músculos do pé
Músculos comuns
M. extensor digital curto (Fig. 4.35, 4.39, 4.54)
M. quadrado plantar (Fig. 4.51)
Músculos próprios dos dedos
M. separador del dedo V (Fig. 4.41)